Cenário: sala
( entra em cena o pai, desembrulhando um pacote grande, com muitos livros e cadernos, chamando os filhos)
PAI – Venham, crianças, venha ver o que eu comprei.
Venham, venham logo!
( Entram as crianças.... e .... e mais atrás com ar desconfiado a menina... O pai vai entregando para cada uma livros, cadernos e com ar de muito orgulho fala)
PAI - Recebi meu salário, portanto comprei livros para vocês poderem estudar. Onde estão os seus irmãos?
FILHA – Lá fora estudando está... E os outros brincando.
PAI – Então vá lá e mostre para eles, pois todos irão para a escola estudar, para se tornarem alguém na vida.
( o pai fala tudo isso e nem parece notar a presença da filha adotiva na sala)
FILHA ADOTIVA – E eu, pai? E eu, pai?
PAI – Você?
Você? Olhe, não sobrou dinheiro. Você sabe que eu sou pobre, dou um duro danado para sustentar todos vocês.
(a menina fica m profunda tristeza)
(o pai tenta arrumar uma solução)
PAI - Sabe filha... Você não é minha filha de verdade, mas é como se fosse... Então vamos fazer o seguinte... Aqui no bairro tem uma escola... Eles fornecem material escolar e também merenda... Você vai ver você vai gostar.
(a menina, sem outra alternativa concorda).
FILHA ADOTIVA - Ta bom, pai... Só quero ir para a escola... Pode ser qualquer uma.
(a menina sai de cena)
PAI – Deixa-a ir, pelo menos pensa que está aprendendo... Ah! Mas os meus filhos vão para uma escola de verdade. Terão diploma, que eu não tive, mas eles terão. Não quero que seja humilhado como eu sou... Serão médicos, engenheiros, professores... Um homem neste mundo vale, é pelos títulos que tem... E vale mais ainda se tiver dinheiro no bolso... É isso que eu quero para os meus filhos. Quanto à outra, ela foi abandonada, nem conhece pai e mãe, já estou fazendo muito recolhe-la e dar o que comer...
NARRADOR - O tempo passa... Aquele pai vai sempre trabalhando, dia e noite, para que os filhos pudessem estudar. Não media esforços. Sentia fraqueza e às vezes, sentia solidão, pois sua única companheira era aquela menina que agora se tornara uma mocinha... Freqüentando até hoje a Escola do bairro e assistindo as aulas da Mocidade Espírita...
(Pai entra em cena com ar cansado. Entram os filhos)
FILHA – Tchau, pai...
FILHA – Tchau, pai...
PAI – Tchau, filhas...
(A menina adotiva vê os irmãos saírem. Depois se aproxima do pai, abraça-o com ternura, beija-lhe a face).
FILHA ADOTIVA - Até logo, pai... Não me demoro. Virei preparar sua refeição da noite. Já deixei tudo arrumado, para os meus irmãos, quando eles chegarem...
PAI – Você vai para a sua escola?
FILHA ADOTIVA – Vou sim, pai.
PAI – E que livro é este, minha filha?
FILHA ADOTIVA – Por certo o senhor não conhece... É o Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Ah! Pai, como há coisas importantes aqui... Um dia eu vou ler para o senhor.
PAI – Está bom, filha. Então vai.
(A filha sai)
(Pai falando em tom de ironia)
- Que livro será esse? Nunca ouvi falar...
(Ri e sai)
NARRADOR – Os anos se passaram e os filhos já estão todos adultos. O pai alquebrado pelo trabalho exaustivo e pelo tempo. Tinha alcançado seu objetivo. Todos os filhos estavam formados.
(Entram em cena filhos)
FILHA – Não tenho tempo para nada. São muitos compromissos sociais.
FILHO – E eu então? Vou viajar para o exterior a serviço. Vou ganhar muito dinheiro. E, assim nenhum de nós tem tempo para cuidar do pai que está doente.
FILHA – Eu tenho uma excelente idéia, e sei que todos vão concordar. Vamos vender essa casa. Temos que seguir nossa vida e para isso temos que colocar o pai no asilo. É a única solução.
FILHA – Também acho.
(A filha adotiva entra e ouve a conversa)
FILHA ADOTIVA – Por favor! Não é justo o que vocês querem fazer. O pai lutou tanto para nos criar... Tantos anos de dedicação... Dia e noite trabalhando... Esqueceu de si mesmo, para viver só para nós... Os filhos têm obrigações grandiosas com os pais, na velhice... E...
FILHA – Vejam só quem fala... Você por acaso tem dinheiro para sustentar o papai?
FILHA ADOTIVA – Não, ainda não...
FILHA – Então não tem direito de dar palpites.
(Saem)
Pai no asilo sentado, doente, muito triste.
Entra a filha adotiva
FILHA ADOTIVA – Pai, que saudade! Como o senhor está?
PAI – Estou bem... Com saudades de todos.
PAI - Aqui tudo é muito bom, mas tenho muitas recordações. Filha tem notícias dos seus irmãos?
FILHA ADOTIVA – Sim... Eles estão bem, pai. Só não vem lhe visitar porque são muito ocupados. Cada um tem sua vida, sua família... Mas eu vim aqui para te dar uma boa notícia... Arrumei um bom emprego e logo terei condições para tirar o senhor daqui.
PAI – Não se preocupe comigo. Só fico triste de vez em quando.
FILHA ADOTIVA – Pai, quando a tristeza bater ao coração, ore. Peça a Jesus forças para resistir ao sofrimento e tudo se tornará mais fácil. Agora preciso ir.
(A filha beija o pai e sai)
PAI – Orar... Nunca tive tempo para isto. (Começa falar em voz baixa, com lágrimas nos olhos).
- Jesus... Cuide dos meus filhos... Principalmente esta, minha filha do coração... Ah! Senhor! Quem diria que eu teria que viver tanto para aprender esta lição... Perdoe Senhor, este coração de pai equivocado, que hoje sofre muito...
NARRADOR - Passa-se mais algum tempo e a filha volta a visitar o pai.
FILHA ADOTIVA – Pai! Pai querido! Eu consegui! Vim te buscar. Vamos morar juntos como eu sonhei. Consegui uma casa modesta, mas não importa... O que importa é ter o senhor ao meu lado e poder retribuir tudo o que me eu...
Pai – Minha filha, eu não mereço isto.
FILHA ADOTIVA – Pai querido... Eu talvez não merecesse um pai, e tive o senhor, eu te devo tanto por ter me criado... Na escola de Evangelho Espírita aprendi com Jesus a honrar pai e mãe. A esse amor é preciso juntar respeito, estima obediência. Jesus nos ensinou a amar ao próximo. Como amar ao próximo sem amar meu pai?
PAI – Filha querida... Tenho muita vergonha das minhas atitudes. Sou teu pai adotivo e te neguei muita coisa para dar aos meus filhos legítimos. No entanto...
FILHA ADOTIVA – Não diga mais nada... Sempre soube e por isto te amo mais ainda. O dever de um filho se estende naturalmente às pessoas que se encontram no lugar de pais. Os verdadeiros laços, pai, são os do espírito.
O meu coração me diz que eu te procurei muito até te encontrar. E hoje, pai, sustentada pelos ensinamentos de Jesus, eu quero te amar, para merecer viver ao teu lado em muitas outras vidas...
Por favor, me deixe cuidar do senhor!
(Pai e filha se abraçam).
VOZ – Filhos lembram-se sempre, que teu pai foi o companheiro generoso que te permitiu o caminho para a romagem terrestre. E que toda gratidão sequer retribuirá a fortuna da oportunidade do renascimento no corpo físico. E hoje, só nos resta pedir a Deus, Pai de todos os pais, que no coração de todos os pais, o AMOR construa um teto para abrigar também tantas crianças, cujo lar é o infortúnio e cujo leite é a estrada.
Que das mãos desses pais, parta a ajuda para traçar linhas de conduta cristã.
Que nas suas almas, nasça o respeito pelo cidadão do porvir. Como um mestre sua voz seja mansa, os seus olhos serenos, e suas mãos cariciosas... No instante o afago ou da reprimenda, na alfabetização ou na hora punitiva.
Como irmão... Seja ele possuidor da boa palavra na hora oportuna. Que todos os PAIS, como irmãos e mestres, sejam os amigos responsáveis pela exaltação do Evangelho de Jesus.
Depois entram as crianças para cantar uma música
(Desconheço autoria)
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