quarta-feira, 26 de agosto de 2009

BONDADE


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TEXTO – As Aventuras de Microcólus - Marilusa Moreira Vasconcelos

Sabem quem é Microcólus? Não?
É um tipinho minúsculo, narigudo, amarelo, muito engraçadinho, que usa um boné caído sobre a testa. Pois
ele é Microcólus.
É um micróbio que se fez gente, devido a um desarranjo em sua glândula pituitária, a qual o fez crescer...
crescer... crescer... até se tornar bem visível.
Ele morava na casa do Zezinho, que era muito, mas muito pobre. A casa do Zezinho tinha um cômodo de
terra batida, coberto de sapé.
A casa era feita de tábuas rústicas de caixote, e restos de outras casas, que o pai e a mãe do Zezinho juntavam
para poder fazer seu lar.
Zezinho era muito franzino e moreno de sol, estava sempre descalço, e com o rosto coberto de terra, pois
quase não tinha quem o cuidasse. E como sofria o Zezinho! Ele quase nem tinha o que comer. Era só aquela
sopa. E quando tinha!
E ainda por cima, Zezinho não tinha nenhum amiguinho para brincar com ele.
Foi então que apareceu o Microcólus. Começou a crescer, crescer, crescer, e passou tanta fome na casa do
Zezinho que sua barriga ficou um buraco. Mas nem por isso perdeu a alegria.
Dando piruetas no ar e rindo muito para o menino, Microcólus sentou-se à beira de uma mesa vazia e cruzou
as pernas com elegância. O pequeno estranhou aquela companhia nova e ficou a olhá-lo, até que acabou rindo
também.
Então, o estranho personagem tirou o boné e fez um cumprimento dizendo:
- Olá, seu Zezinho, eu me chamo Microcólus. Veja. Sou o micróbio da barriga vazia, cresci e vim brincar com
você. Também estou com fome. Veja só como eu sou.
Zezinho viu, então, o bonequinho amarelo apontar a barriga, que era um buraco, e um tanto admirado e
receoso, enfiou o dedo por aquele orifício. Qual não foi a sua surpresa quando Microcólus caiu na risada,
pendurando-se em sua mão e virando de pernas para o ar.
- viu? – disse o boneco – É um buraco. Eis o que é minha barriga. Um buraco onde cabe o seu dedo.
Zezinho riu muito das graças de seu novo companheiro. Então, os dias foram se tornando mais amenos,
porque, ainda que o menino tivesse fome, ele não estava mais sozinho, pois Microcólus estava com ele. Mas,
ao correr dos dias, começou a ficar triste de novo, porque sabia que, como nos anos anteriores, Papai Noel não
iria a sua casa... será que era porque ela tinha goteiras e ele não gostava?
Podia ser que era porque ele não tinha sapatos? Mas, no ano anterior, pusera um pé de chinelo, que encontrara
no lixo, jogado perto de sua casa, e nada conseguira...
Zezinho já não ria das diabruras de seu novo amiguinho, que começou a se preocupar com ele. Então, um dia,
Microcólus estava sentado à porta, quando viu passar um lindo automóvel e, sem perguntar, como estivesse
aborrecido, sentou-se no pára-choque traseiro e, lá se foi com ele, pensando em voltar mais tarde.
Qual não foi a surpresa do boneco, quando o carro parou à porta de uma grande mansão.
Lá se ia o boneco a entrar, quando um homem, com uma roupa toda bonita, lhe barrou a entrada.
- Que é isso? Aqui não entra qualquer um!
Microcólus ficou aborrecido, mas como era teimoso e danado, ficou à espreita e, tendo fingido que ia embora,
sorridente, pulou o portão.
Que coisas lindas lá dentro havia! No peitoril da janela ele podia ver o chão luzindo, como a água das poças
da favela, e muitas coisas lá dentro. Enfeites, móveis, tapetes e quadros bonitos pendurados na parede.
Microcólus já estava com os olhos estalados, quando sentiu que alguém o pegava pelo pescoço. Aquele
homem que o impedira de entrar, chutou-lhe o traseiro, jogando-o do portão para fora.
Pobre Microcólus! Como gostaria de estar lá dentro! Mas o homem falou:
- Ninguém assim indigente, de barriga vazia, pode entrar.
Aquilo deu uma idéia no boneco, que sem esperar mais, foi à procura de algo, com que tapar sua estranha
barriga, e algo com que se cobrir, pois andava nu em pêlo.
Adiante, encontrou uma rolha de champanha e cabia justamente no buraco de seu ventre. Satisfeito,
Microcólus ajeitou-se e, cobrindo-se com um traje, ficou diferente e barrigudo, parecendo estes
empanturrados figurões da sociedade.
Microcólus chegou então ao portão, com grande pose, ante o espanto do criado, fez-se anunciar ao
senhorzinho da mansão.
- Pois não, senhor. Eu lhe direi que deseja vê-lo. Por aqui.
Ele se viu, entre reverências e atenções daquele estranho que não o reconhecera, por causa de sua nova
aparência, muito bem tratado.
Entrou na sala um garoto rosado e cheiroso, que o atendeu de bons modos, mas bastante enfastiado,
bocejando continuamente. Mas o atrevido boneco, mal se viu a sós com o novo companheiro, pôs-se
novamente a piruar e cambalhotear, fazendo-o rir. Depois, fê-lo correr como um cavalo, subindo-lhe às
costas. Assim, ambos ficaram amigos e, nem bem se viam a sós, Jorge, pois este era o nome do menino, se
descontraía e, esquecendo mil etiquetas, virava uma criança, como todas as outras são.
Mas enquanto isso, em sua casa de sapé, Zezinho estava cada vez mais triste. Sentia saudades de seu
companheiro e chorava, pedindo a Papai Noel não um brinquedo, mas a volta daquele seu amigo.
Sem saber como, Microcólus sentia à distância a tristeza de seu amigo e, por isso, um dia à ceia, disse a Jorge:
- Preciso voltar à minha antiga choupana. Aqui é muito bonito, mas sinto falta de meu amigo de outros dias. E
ele estava tão triste quando parti. Sinto que o abandonei quando ele mais precisava de mim.
Jorge, sentindo seu orgulho ferido, ordenou ao criado que prendesse o boneco, mas Microcólus, atirando em
seus olhos a rolha que tapara tanto tempo o ventre, escapuliu pelas grades da janela, correndo do jardim para a
rua.
Jorge pôs-se a chorar, a chorar, e em poucos dias, adoeceu. Em toda a parte, jornais, rádios e televisão
anunciavam alto prêmio a quem soubesse dar o paradeiro do estranho boneco. Mas ninguém encontrava. Até
um retrato-falado foi expedido pela polícia, mas em vão o buscavam.
Quando Microcólus chegou, sujo e embarreado na antiga choupana, veio-lhe ao encontro chorando, seu antigo
amiguinho:
- Ah, Microcólus! Que falta senti de você!
- Perdoe Zezinho, mas não pude voltar antes. Encontrei muitas coisas diferentes e vi que tanto aqui como lá
de onde eu vim, todos sentem muita necessidade de um amigo. Desta forma e sabendo que lançaram um
prêmio pela minha captura, peço que me leve de volta, a gim de poder melhorar as condições de sua vida.
Mas Zezinho obtemperou:
- Qualquer prêmio que me derem não valerá o amigo que você tem sido.
Estas palavras muito emocionaram Microcólus, mas com uma sabedoria digna dele disse:
- Eu sou dos pobres deserdados da fortuna, que têm fome e sede, por isso tenho este jeito tão esquisito. Nem
por dinheiro, nem por prisão alguém pode deter-me, mas Zezinho, tenho pena de Jorge. Ele tem tudo o que
deseja, mas é muito só.
E tanto o boneco falou, que acabou por convencer a Zezinho que devia procurar entender Jorge, e a Jorge, que
devia distribuir o muito que tinha, para ajudar Zezinho.
E hoje, com graça do bom Deus e a ajuda de Microcólus, Zezinho e Jorge são muito bons amigos
RECURSO – desenho com giz de cera
“Vamos desenhar Microcólus, Zezinho e Jorge brincando juntos?”
TAREFA - Vamos praticar atos de bondade e observar pessoas que pratiquem também e escrever no caderno.

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