Lendo uma historinha ...
Existiu certa vez uma galinha que nunca estava satisfeita com nada. Vivia de mal com o mundo e não perdoava a menor ofensa, mesmo involuntária.
Passava o tempo a queixar-se da vida e a criticar tudo o que os animais da fazenda faziam. No terreiro, ninguém estava livre dos seus comentários.
Se um patinho se machucava, ela logo dizia:
— Bem feito! Quem manda dona Pata deixar seus filhotes soltos por aí?
Se o cachorrinho era picado por uma abelha ao enfiar o focinho no tronco de uma árvore, ela logo exclamava com ar satisfeito:
— Teve o que merecia! Quem manda ficar enfiando o nariz onde não deve?
Se o gatinho, sem querer, entornava o prato de leite, ela reagia:
— Também com a educação que dona Gata lhe dá, só podia ser um trapalhão mesmo!
E assim ela criticava todos os animais do terreiro. E ai de alguém que lhe fizesse a mínima ofensa. Jamais teria o seu perdão.
Certo dia, ela descuidou-se arrumando o galinheiro e não viu que um de seus pintinhos desaparecera.
Quando percebeu, ficou apavorada e saiu gritando por ele:
— Chiquinho! Chiquinho! Onde está você?
Mas nada do Chiquinho aparecer. Perguntou para os vizinhos, para dona coruja, sempre muito esperta, e nada. Ninguém sabia dar notícias do pintinho.
Todos estavam preocupados e ajudando a procurar o filhote da galinha, até que dona Vaca lembrou-se de tê-lo visto atravessando o pasto a caminho do riacho.
Correram todos, e lá chegando ficaram surpresos e encantados com a cena que viram.
O pintinho caíra na água e, não sabendo nadar, debatera-se, ficando preso em umas plantas na outra margem do riacho que, embora estreito, não dava para alcançar.
O patinho, excelente nadador, já fizera vãos esforços para soltar o pintinho, que estava preso por uma das patas, mas ele era muito fraco e não tinha força suficiente.
O cachorrinho e o gatinho tiveram uma idéia e, nesse exato momento, a colocavam em execução.
O cachorrinho, que era o mais forte, se pendurou num galho de árvore à margem do regato e, ao mesmo tempo, segurou uma das patas do gatinho, que se esticou... esticou... esticou até conseguir agarrar o Chiquinho pelo pescoço. Depois, puxando-o com força, pode livrá-lo dos ramos que o prendiam.
Foi um alívio geral! Em pouco tempo, Chiquinho estava nos braços da mamãe Galinha, que respirava aliviada.
— Graças a Deus! Não sei como agradecer a vocês todos pela ajuda que me deram! — disse com lágrimas nos olhos.
Depois, pensando um pouco, completou envergonhada:
— E logo eu que sempre fui tão intolerante com todos! Mas, nunca mais criticarei ninguém. Nunca se sabe quando nós também vamos precisar da ajuda e do perdão dos outros. Hoje, por minha falta de atenção, meu filho quase perde a vida. Porém, em vez de me censurar, vocês me ajudaram. Quero que me perdoem tudo o que já lhes fiz, como espero que Deus me perdoe também.
E deste dia em diante, dona Galinha transformou-se numa criatura boa, paciente, tolerante e compreensiva para com as falhas do próximo e nunca mais criticou ninguém.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
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