Importância de uma boa preparação
Rita Foelker
Uma boa preparação é fundamental para o êxito de
qualquer trabalho. Preparar a aula, sim, mas também preparar a si mesmo e
preparar o ambiente de trabalho.
Preparação da aula
Preparar
a aula é seguir alguns passos que se resumem basicamente em:
1º. Definir o tema;
2º. Definir um objetivo, dentro do
tema;
3º. Pesquisar o assunto;
4º. Definir uma estratégia para
atingir o objetivo proposto e o buscar material necessário;
5º.Avaliar resultados.
Para que
uma aula seja dinâmica, é necessário que se observe diversos aspectos do tema,
levando em consideração os interesses da turma e as conseqüências práticas para
suas vidas.
Uma
pesquisa bem feita, em fontes espíritas e não-espíritas pertinentes, é o ponto
de partida. Escolha uma estratégia adequada ao estilo de ser do grupo e à faixa
etária, e monte um roteiro para sua aula com atividades variadas porém unidas
dentro de um objetivo (ex.: leitura - discussão em grupo - dramatização; ou
jogo - diálogo - pintura; etc.).
Assim,
você obterá mais atenção e, consequentemente, mais conhecimento será fixado.
Preparar a si mesmo.
Muitos
educadores estão despreparados para o compromisso que assumiram independente da
boa vontade que possuam. Mas isto pode ser solucionado mediante estudo,
leituras e trocas de experiências com colegas, além dos cursos e encontros, que
costumam abrir a mente e desvendar um novo universo para quem tem chance de
participar.
E há
também a preparação íntima. Esta inclui:
1.Um bom nível de comprometimento, que cria a
predisposição psicológica para cumprir todos os quesitos que este trabalho
exige;
2. Flexibilidade, para
saber agir diante de cada situação nova; para mudar o jeito de trabalhar, se
for preciso; para alterar o plano de aula no momento da execução, se isto se
mostrar conveniente, para seguir as intuições dos Espíritos e para ouvir e
respeitar opiniões diferentes das suas;
3. O estabelecimento de uma ligação espiritual com os protetores e
orientadores da tarefa, que trabalham conosco (educadores e alunos) através
da intuição e da inspiração.
Preparação do ambiente
Tão
importante quanto preparar a aula e a si mesmo, é preparar o ambiente físico e
espiritual da aula.
Vamos
imaginar duas situações:
A turma A chegou para a aula semanal e o
educador, que já estava na sala, recebeu cada um com um sorriso e uma palavra
especial. As cadeiras já estavam dispostas e, o material a ser usado, sobre a
mesa. É claro que isto só foi possível porque o educador A chegou ao Centro com
bastante tempo para deixar tudo pronto.
A turma B chegou para a aula semanal e a
porta da sala ainda estava trancada, de modo que ficaram esperando do lado de
fora. Quase dez minutos depois, chegou o educador B com a chave e carregando
uma parte do material, já que o restante, com a pressa, ele acabou não se
lembrando de pegar.
Pergunta:
Qual é o trabalho com mais qualidade, o A ou o B? Em qual dos dois os
resultados são melhores? Qual dos dois educadores você gostaria de ser?...
Num local
bem organizado, limpo e claro, as crianças aprendem muito melhor.
A
preparação do ambiente espiritual também é importante. Chegar mais cedo e
reunir-se com os colegas num local tranquilo, proceder a uma leitura e uma
prece nos ajudam a encontrar equilíbrio e mobilizar os recursos internos para a
atividade que vai começar. Estes momentos de recolhimento e elevação nos
aproximam dos Espíritos amigos e facilitam a ligação espiritual com eles. Para
tanto, não necessitaremos mais do que dez minutos.
Preparação do ambiente para o
trabalho
Rita Foelker
Antes de
se iniciar qualquer aula, é importante preparar o ambiente físico e espiritual.
a) Ambiente Físico
É
representado por tudo aquilo que a criança têm ao alcance de seus sentidos
materiais, para seu crescimento e desenvolvimento, desde os objetos que
manuseia até as características visuais e os ruídos.
Para um
bom desenvolvimento de nossas atividades, é importante que o meio favoreça a
liberdade de movimento e de expressão dos alunos, que eles se sintam à vontade
para o trabalho, o estudo, a pesquisa, o jogo, a brincadeira e a descoberta.
Na
preparação do ambiente físico, observaremos as condições de: limpeza,
iluminação, mobiliário, ventilação, decoração e material.
Todos os
elementos do ambiente devem proporcionar uma sensação de harmonia e ordem, que
conduzirão a criança à organização interna, à disciplina e à tranquilidade.
Poderá
haver um canto destinado a tapetes (esteiras, almofadas, etc.) em quantidade
condizente com o número de alunos, que as crianças serão orientadas a utilizar
com cuidado e guardar em ordem. Alguns livros poderão estar disponíveis e até
jogos, caso o Centro não conte com uma Biblioteca Infantil.
b) Ambiente Espiritual
A
Educação da Criança e do Jovem não é uma tarefa restrita a uns poucos
trabalhadores dos Centros Espíritas. Numerosos Espíritos estão empenhados neste
trabalho, de repercussão profunda na sociedade e no progresso do planeta como
um todo. Estes Espíritos se aproximam daqueles que encaram o compromisso com dedicação,
seriedade e amor, e os assistem no desempenho de suas atividades. Para
iniciarmos e cultivarmos a afinidade com estes Companheiros é importante manter
sempre pensamentos condizentes com nossos propósitos, estando receptivos a suas
inspirações e intuições.
Mas antes
das aulas, é possível estreitar mais os laços de sintonia, reservando alguns
minutos à reunião entre os educadores. Num clima de calma e recolhimento,
pode-se, então proceder a alguma leitura breve seguida de uma prece espontânea.
Não mais
que dez minutos são suficientes para que nos situemos longe das preocupações
cotidianas e dentro dos objetivos superiores a que nos propusemos.
Pondo em prática
Às vezes
não é fácil ser racional e intuitivo, seguir o planejamento e, ao mesmo tempo,
ter agilidade para mudar se necessário, e ninguém pode ensinar como fazer isto.
Muitos deixam de ser mais hábeis e criativos nas
aulas por medo de errar. Aliás, um dos grandes fatores de ansiedade para os educadores que temos
encontrado em nossas caminhadas é a insegurança quanto ao
conteúdo. Será que realmente estão em condições de abordar um tema doutrinário
com clareza e precisão?
- eis o que nos perguntam.
Sempre
digo que quem vai falar de Espiritismo para as crianças e os jovens deveria ser
o mais assíduo participante dos estudos doutrinários da Casa. Mas há duas
realidades que precisamos encarar:
1º. Jamais
vamos saber tudo, absolutamente tudo, portanto nem sempre teremos todas as
respostas. É bem
verdade que aprenderemos muito enquanto planejamos as próprias aulas, lendo
livros, mas nosso saber doutrinário
tem necessariamente um limite.
2º. Mais cedo
ou mais tarde, todos podemos nos enganar. Aliás, é muito raro encontrar alguém
que nunca se
enganou. Podemos dizer alguma bobagem, deixar uma impressão errada com relação
ao tema. Por isso,
sempre que vamos pesquisar um assunto, é recomendável verificar o que as obras
de Allan Kardec dizem
sobre ele.
E quando não soubermos como responder uma pergunta,
o melhor é dizer que não sabemos, mas que vamos procurar nos informar. Assuma, quando der uma
resposta da qual não tenha plena certeza e confie nisto: se você errar em alguma informação
fundamental, a vida lhe trará a oportunidade de rever e de retomar o
assunto com o enfoque correto.
Às vezes, nossa insegurança não vem da falta de
conhecimento de Espiritismo, mas é um traço emocional, faz parte da nossa personalidade e
também aparece em outras ocasiões. Será que este não é o seu caso?
Ø Montar um plano de aula bem
estruturado, conhecer bem os seus alunos e confiar nos Amigos Espirituais são
maneiras de diminuir ansiedades e inseguranças.
Ø Cobrar de si mesmo perfeição e
infalibilidade é um dos aspectos da vaidade e do orgulho. Ser natural e aceitar
a possibilidade de falhar é ter humildade e aceitar-se como ser humano e como
Espírito em evolução.
Ø Respeito, naturalidade,
sinceridade e dedicação vão nos ajudar a progredir em conhecimentos e na tarefa
educacional.
Exemplo prático
Vamos
verificar um plano de aula com base nos passos sugeridos acima?
Tema: Espiritualismo e Espiritismo
1º passo: Definir o tema.
Conceituação
do Espiritismo: O que é o Espiritismo? O que caracteriza mais fortemente o
Espiritismo enquanto Doutrina?
2º passo: Definir o objetivo.
Nosso objetivo principal será levar a perceber as
principais diferenças entre o Espiritismo e o Espiritualismo. O trabalho será dirigido à
Pré-mocidade, na faixa dos 12 aos 14 anos. Pergunta-chave: qual a diferença
entre Espiritismo e Espiritualismo?
3º passo: Pesquisar textos e
material.
Em O
Livro dos Espíritos, vamos buscar na "Introdução ao Estudo da Doutrina
Espírita", primeiro parágrafo, como Kardec define estas duas palavras.
Vamos
procurar figuras ou músicas que mostrem manifestações de crenças
espiritualistas de todo o mundo, como Budismo, Catolicismo, Xamanismo,
Hinduísmo, Judaísmo, etc.
Há também
um texto intitulado "Espiritualismo e Espiritismo", escrito por nós,
que se encontra no livro Um Pouco Por Dia, Ed. EME. É uma fonte adicional de
consulta.
4º passo: Criar uma estratégia que
conduza ao objetivo definido.
Motivação
Nossa proposta é de preparar o
ambiente espalhando fotos ou imagens diversas de manifestações espiritualistas,
no maior número possível.
Frases ou pequenos textos de
tradições diversas podem ser usados. Mantras, canto gregoriano, tambores rituais, etc. fariam o fundo musical.
Coloque também O Livro dos Espíritos, em destaque.
Os alunos entrarão na sala e serão estimulados em
sua curiosidade a respeito do material exposto. Esta já é uma
maneira de levar a perceber também a sociedade e suas diferenças, o que, nesta
faixa etária, se torna bastante
interessante.
Desenvolvimento
Quando
todos estiverem presentes, peça que se sentem, desligue a música e pergunte se
eles sabem o que é tudo aquilo. O que aqueles sons, imagens e textos têm em
comum? Todos representam a crença em alguma realidade fora da matéria.
E o
Espiritismo? Onde se encaixa?
Inicie um
diálogo, com base no texto pesquisado n' O Livro dos Espíritos.
Destaque
o fato de que todas as crenças são legítimas e precisam ser respeitadas.
O Espiritismo, porém, tem algumas
características que o diferenciam do Espiritualismo (ver abaixo o quadro
comparativo).
QUADRO COMPARATIVO
|
|
Espiritualismo
|
Espiritismo
|
Oposto
do materialismo; crer que exista “algo” além da matéria.
|
Crença
na existência dos Espíritos e em suas comunicações com o mundo material, além
dos demais princípios da Doutrina (crença em Deus e na multiplicidade dos
mundos e das existências)
|
Fé sem
necessidade de compreensão racional.
|
Fé
raciocinada.
|
Nasceu
junto com a Humanidade, da intuição da existência de um ou vários poderes que
governam o Universo.
|
Nasceu
no dia 18 de abril de 1857, com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, que
contém os princípios da Doutrina Espírita.
|
Pode
necessitar de intermediários (sacerdotes) e lugares especiais (templos) para
a ligação com Deus.
|
Ensina
que a ligação com Deus é feita por qualquer pessoa e em qualquer lugar,
através da prece sincera.
|
Crença
no sobrenatural.
|
Certeza
de que tudo o que existe é resultado de leis naturais, sendo que nada existe
de sobrenatural.
|
Seus
adeptos são espiritualistas.
|
Seus
adeptos são espíritas.
|
Atividades Finais
Confeccione tiras com as características
apresentadas no quadro. Use uma cartolina dividida ao meio com as
palavras Espiritualismo e Espiritismo escritas no alto, uma de cada lado. Peça
aos alunos, um a um, que vão
pegando da mesa as tiras e colocando-as nos lugares certos.
Peça aos
alunos que, se souberem, completem o quadro com outras diferenças, sempre
justificando suas opiniões. Que tal ouvir as músicas novamente?
5º passo: Avaliar resultados.
Proponha aos alunos que montem, em grupo ou
individualmente, uma apresentação destacando e explicando as principais características da
Doutrina Espírita estudadas. Ex.: Fé raciocinada, o que é, qual sua importância;
etc. Este trabalho poderá ser apresentado no próximo encontro.
Agora, se perceber que a classe
já está madura para um estudo mais minucioso, indique a leitura de O Livro dos
Espíritos, "Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, VI - Resumo da
Doutrina dos Espíritos". Peça que cada um escolha um parágrafo e traga um
pequeno comentário sobre ele, no próximo encontro, explicando
o que entendeu.
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