quarta-feira, 2 de junho de 2010

A PRECE

I. O QUE É?

A prece ou oração é um dos modos de nos comunicarmos com o pleno espiritual superior, para:

- pedir: por nós ou pelos outros, o que precisamos; Jesus estimulou-nos à oração, quando disse: “Pedi, e dar-se-vos-á (...)” (Mt 7:7/11);

- agradecer: pelo que já recebemos ou estamos recebendo; Jesus, exemplificou várias vezes dando graças a Deus (Mc 8:7; Mt 26:27; Jô 11:41/42);

- louvar: quando, sentindo e entendendo a sabedoria, bondade e poder de Deus, manifestamos-lhe nossa admiração, contentamento, confiança. (Mt 5:16).

II. EFICÁCIA:

Há quem não veja finalidade maior na prece ou duvide de sua eficácia, argumentando:

1)Deus não precisa de nossos louvores ou agradecimentos. E é inútil expor-lhe nossas necessidades, porque Ele tudo sabe e, portanto, já as conhece.

2) Tudo no Universo se encadeia por leis divinas e eternas, que as nossas súplicas não podem mudar.

Quem assim argumenta não sabe o que é a oração nem como ela funciona. Respondamos, de início:

a) Deus realmente não precisa de nossos louvores ou agradecimentos, mas certamente se interessa pelos sentimentos de suas criaturas. E nós temos necessidade de nos comunicarmos com Ele, dando expansão aos sentimentos puros, falando de nossas dificuldades e anseios a esse Pai fiel e amigo, que nos ouve, nos entende e não nos atraiçoa.

b) Graças a Deus que há leis naturais e imutáveis, que não podem ser derrogadas ao capricho de qualquer um. Se bastasse pedir para obter, teríamos o caos no Universo, com tanto pedido infantil, mesquinho, perverso, injusto.

A prece não derroga mesmo nenhuma das leis divinas. Mas pode acioná-las em nosso favor. Ao orar, usamos a capacidade de agir e pensar que Deus nos concede. Se obtivermos resultado favorável é porque o que havíamos pedido era possível, faltando apenas que movimentássemos nossas forças nesse sentido, o que fizemos com a oração.

Para entender isso, é preciso conhecer como a oração funciona:

III. MECANISMOS E EFEITOS:

Ao orar numa prece sincera, verdadeira:

a) Abrimos as comportas da alma, emitindo o pensamento aliado ao sentimento, dirigindo-o com a vontade.

b) As irradiações do nosso pensamento e sentimento são propagadas pelo fluído universal, indo atingir seres (encarnados ou não) ou planos de energia, formando-se entre nós e eles uma corrente fluídica.

Como resultado da oração, temos uma extensa variedade de efeitos, sempre benéficos, tais como:

1) O exame melhor, e de um ponto de vista superior, do assunto que nos preocupa, permitindo vermos novos ângulos e encontrarmos solução para eles ou, ao menos, motivos de aceitação ou suportaçao.

2) Captação de pensamentos e energias reconfortantes, fortalecedoras.

3) Atração de bons espíritos, que nos ajudarão de todas as maneiras possíveis, até mesmo intervindo na solução dos problemas, se as leis divinas permitirem.

Por tudo isso, o que, antes de orarmos, parecia insolúvel ou insuportável, depois de orarmos encontra solução ou, ao menos, se torna suportável, porque ficamos mais esclarecidos a respeito ou mais fortalecidos para enfrentar e vencer.

“A oração talvez não mude as coisas para você, mas com certeza, mudará você para as coisas”: (Samuel M. Shoemaker, Reformador, outubro/2000).

Prece Intercessória:

Todos esses benefícios que obtemos para nós com a prece, podemos proporcionar a outras pessoas, quando oramos por elas.

Podemos orar assim, também, pelos desencarnados. Os espíritos, como os encarnados, gostam de ser lembrados nas vibrações benéficas da prece. Os espíritos sofredores, ao serem lembrados, sentem-se menos abandonados e infelizes; as preces lhes aliviam os sofrimentos e os orientam para o arrependimento e a recuperação espiritual. (O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2ª parte).

IV. COMO ORAR?

Não há posturas nem fórmulas especiais para a oração, pois ela é uma ação espiritual.

As preces que os espíritos nos ensinam visam a:

- orientar aqueles que pensam que não oram por não saberem coordenar seus pensamentos e colocá-los em palavras;

- chamar nossa atenção para determinados assuntos e verdades espirituais.

Jesus, em várias passagens do Evangelho, ensina como deve ser nossa atitude espiritual ao orar:

Com Humildade

Temos de reconhecer nossa necessidade e estarmos receptivos.

Na parábola do Fariseu e do Publicano (Lc 18:10/14), o primeiro orava com orgulho, considerando-se muito correto e melhor que os outros, enquanto que o publicano se reconhecia errado e pedia misericórdia; o fariseu continuou como estava; o publicano recebeu o amparo pedido.

Sem Ressentimentos

Não podemos estar em clima de mágoas ou desejo de vingança, quer sejam:

a) Nossos para com outros: “Mas quando estiverdes em pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também vosso Pai que está nos céus vos perdoe os vossos pecados”: (Mc 11:25).

b) De outros para conosco: “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta”: (Mt 5:23/24)

Com Simplicidade

Não há necessidade de ostentação, exterioridades (gestos, posições especiais) nem verbosidade excessiva.

“E quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orardes, entra no teu quarto, e, fechada a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos.. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais. (Mt 6:5/8).

V. O ATENDIMENTO:

Além das condições que vimos, a prece, para ser atendida, deve:


Ser Um Pedido Justo

Jesus afirmou: “Por isso vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco” (Mc 11:24). Naturalmente, Jesus se referia a um pedido justo (possível, benéfico, oportuno). Em nossa ignorância, fazemos pedidos que nos parecem justos, mas, espiritualmente, talvez não o sejam. Neste caso, os mentores espirituais não endossam nossos pedidos e até fazem pedidos contrários aos nossos. É como Paulo esclarece: “o Espírito intercede por nós” porque “não sabemos pedir como convém”. (Rm 8:26/27).

Feito Com Perseverança

Geralmente, variamos muito em nossas orações diárias, desistindo de um pedido e começando outros. Por isso, a maior parte dos nossos incontáveis pedidos “não chega a Deus”. Para obter alguma coisa, é preciso uma certa energia ( a fim de vencer a inércia das criaturas e dos elementos) e uma certa insistência (porque o assunto às vezes requer tempo para a solução). Na parábola do Amigo Importuno (Lc 11:5/13), Jesus aconselha que insistamos com fervor na oração, quando tivermos alguma verdadeira necessidade espiritual, até obtermos o atendimento.

Apoiado No Merecimento

Existe um outro critério de avaliação espiritual nos nossos pedidos: o do merecimento. Na Parábola do Juiz Iníquo (Lc 18:1/8), depois de apresentar o caso de um juiz que não respeitava a Deus nem temia aos homens, mas acabou atendendo ao pedido de justiça de uma viúva, porque ela insistia sempre, Jesus pergunta: “E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” O pedido justo e reiterado, formulado por quem tem merecimento, será atendido, pois toda oração assim, de alguma forma, traz algum benefício para quem ora, mesmo que não seja o que esperávamos, mesmo que não percebamos que fomos auxiliados.

VI. CONCLUSÕES:

Quem ainda não exercitou o espírito na ação da prece, pode descrer da força que ela possui. Quem ainda não recorreu à prece, num momento de dor e desespero, ignora quanto conforto ela nos pode dar. Quem não usa a prece diariamente, está perdendo oportunidades valiosas de se ligar aos planos elevados do espírito, em que a nobreza, a bondade, o perdão, a esperança e a paz sempre vibram e nos aguardam.

Mas quem está cumprindo seus deveres, está orando. Quem trabalha alegre e não somente para si mesmo, está orando. Quem estuda, procurando entender a vida e os seres, para agir com acerto, está orando. Quem se esforça para amar e servir, está orando. Porque orar não é apenas dizer algumas palavras ou formular alguns pensamentos. Orar é ligar-se por uma atitude pura e ativa ao pensamento e à energia divinos que penetram todo o Universo.

(Do Livro "Iniciação ao Espiritismo - Coleção Estudos e Cursos" - Terezinha Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário