segunda-feira, 20 de julho de 2009

AMIGOS PARA SEMPRE

Carlinha costumava sempre brincar com seu vizinho, Hugo, que era bom, mas muito arteiro.
Um dia, Hugo ficou com raiva de Carlinha porque ela não quis brincar de esconde-esconde com ele, preferindo a companhia de uma amiguinha.
As meninas estavam brincando de casinha, quando o garoto, furioso, chegou, agarrou a boneca de Carlinha e saiu correndo com ela. A garota abandonou a amiga e saiu atrás dele. Quando conseguiu alcançá-lo, a boneca estava estraçalhada: braços para um lado, pernas para o outro e a linda roupa, rasgada. –
Carlinha pegou os restos da boneca de estimação e correu para casa, chorando muito.
– O que aconteceu, minha filha? – perguntou a mãe ao vê-la chegar aos gritos. Carlinha contou o que tinha acontecido, afirmando entre soluços.
– Nunca mais ou brincar com o Hugo. Nunca mais quero vê-lo. Nunca o perdoarei, mamãe.
A mãezinha pegou a filha no colo com imenso carinho, consolando-a.
– Sei que está sofrendo, filhinha, mas isso passa. Ele gosta de você e ficou com ciúmes, por isso reagiu assim. Vocês são tão amigos! Logo estarão juntos de novo.
Mas a pequena afirmava, decidida:
– Nunca, mamãe. Hugo não é mais meu amigo.
– Carlinha, boneca a gente pode comprar outra, minha filha. Mas uma amizade não tem preço. Algum dia você vai entender isso – ponderou, com calma.
Percebendo, porém, que naquele momento não adiantava dizer mais nada, pois a filha estava muito magoada, a senhora calou-se.
Dois dias depois, Carlinha estava triste e desanimada. Sozinha, não tinha ânimo para brincar, uma vez que perdera seu grande amigo.
Notando sua tristeza, a mãe sugeriu:
– Carlinha, porque não faz as pazes com Hugo? Ele já veio procurá-la e você não quis brincar nem falar com ele.
– Não consigo, mamãe.
A mãe, que estava preparando o almoço, parou e disse:
– Minha filha, que tal comprar uma bola nova para o Hugo? Ele vai gostar.
– Ah, mamãe! Ele destrói minha boneca preferida e eu ainda tenho que dar um presente a ele?
– Sabe por que, minha filha? Você estará fazendo um bem a ele. Hugo também está triste, se sentindo culpado pelo que lhe fez.
– Está bem. A professora de Evangelização disse, outro dia, que temos que praticar a caridade.
– Exatamente – concordou a mãe, sorrindo.
Mais tarde saíram e compraram uma linda bola. Depois, Carlinha foi levar o presente para ele, selando a paz entre eles.
Ao voltar, a mãe perguntou:
– Como foi seu encontro com Hugo, Carlinha?
A menina pensou um pouco e respondeu:
– Mais ou menos. Ele gostou da bola e pediu-me desculpas pela boneca quebrada.
– E você, não ficou contente?
Carlinha ficou calada, pensativa. Depois, contou:
– Sabe, mamãe. Fizemos as pazes, mas aqui dentro, bem no fundo – e colocou a mão no coração – ainda estou triste e magoada.
A senhora abraçou a filha, explicando:
– É que você ainda não o perdoou, minha querida. Lembra-se que falou que iria fazer um bem a ele, isto é, um gesto de caridade? Pois bem. Você fez a caridade mais fácil que é a material. Mas tem a caridade maior e mais difícil de ser praticada que é a caridade moral, especialmente, o perdão.
– É verdade. Ainda não o perdoei realmente.
– Para seu bem, procure esquecer o que ele lhe fez. Enquanto não perdoá-lo, você não será feliz, minha filha.
– Vou tentar, mamãe.
Alguns dias depois, Hugo foi procurar Carlinha. Trazia um pacote nas mãos.
– Isto é para você, Carlinha. Sei que não é a mesma coisa, mas gostaria que você aceitasse.
A menina abriu e viu uma linda bonequinha, nova em folha.– É linda, Hugo! Como conseguiu?O menino, com olhos brilhantes e o peito estufado de satisfação contou:– Quando quebrei sua boneca me senti muito mal. Você sabe que somos pobres e mamãe não teria dinheiro para lhe comprar outra boneca. Mas, eu queria reparar meu erro.
Pedi ajuda a algumas pessoas amigas, e comecei a trabalhar para ganhar alguns trocados.
Lavei carros, limpei jardins, varri calçadas, entreguei encomendas, arrumei cozinha, cuidei de cachorros, e muito mais. Assim, consegui comprar, com meu esforço, essa boneca para você.
Carlinha estava surpresa. Não pensou que ele tivesse ficado tão abalado.
– Você não diz nada, Carlinha. Aceite o presente, com meu pedido de desculpas. Estou muito arrependido. Por favor!
Olhou o garoto que, à sua frente, suplicava com lágrimas nos olhos, a menina aproximou-se dele e deu-lhe um grande abraço.
– Claro que eu o perdôo, Hugo. Somos amigos e a amizade não tem preço.
Naquele instante, Carlinha sentiu que de dentro do seu peito uma nuvem escura se desprendia, enquanto uma pequena luz começava a brilhar, produzindo bem-estar, paz e alegria.
E completou com um sorriso:
– Agora somos amigos para sempre!
TIA CÉLIA

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