PAZ NESTA CASA
Ao cair a noite, na pequena Vila dos
Remédios, o céu, carregado de nuvens escuras, anunciava a grande tempestade que
já vinha.
Os moradores se achavam apavorados,
pois na noite anterior houve uma grande festa, onde foram usadas muitas velas,
e eles estavam sem o seu estoque comum.
Logo, diante da tempestade,
relâmpagos, trovões e ventania, as luzes dos casebres de toda a vila se
apagaram e a escuridão de tudo se apossou.
As crianças chorosas gritavam; os
pais, em vão, tentavam achar uma vela que não fora utilizada na festa. Pai
esbarrava no filho por não enxergá-lo, filho desesperado por se sentir
desamparado diante do breu. Mãe nervosa, preocupada com a filha caçula que, por
medo, não parava de chorar.
A família de seu Joaquim, então, tomou
uma decisão: saíram para a rua, buscando encontrar na vizinhança um lar que
tivesse um tantinho de luz.
Andaram, e por cada casa que
passavam, mesmo antes de chegar, ouviam de longe o barulho da confusão: gritos,
choros, coisas que se quebravam diante de algum esbarrão... Seu Joaquim e
família continuavam a caminhar diante da ventania e da chuva forte que não
parava. Buscavam sem cessar...
Eis que, de repente, ao se
aproximarem da casa de D. Luzia, que se localizava no alto do morro,
observaram, felizes, que o silêncio reinava. Não ouviram gritos, lamentos,
desequilíbrio. E o Seu Joaquim então, aliviado concluiu:
- Graças a Deus! Na casa de seu
Clarêncio certamente tem um gerador, apressemos o passo, vamos pra lá.
E Dona Ana, sua esposa, acrescentou:
- É verdade, eu até ouvi dizer que
Luzia tem um parente que trabalha na central elétrica, vai ver que é por isso
que lá não falta luz.
E assim, a família de seu Joaquim se
aproximou do lar de Clarêncio.
Porém, ao se aproximarem, com
surpresa, perceberam que lá também havia falta de energia elétrica. E então não
entenderam o silêncio que ali existia. Preocupados, bateram na porta, já
imaginando que uma tragédia havia acontecido com a família de Luzia.
Logo, a porta se abriu e
estranhamente, a pequena Clara surgiu. A criança não parecia temer o escuro e
reconhecendo de imediato a família de Seu Joaquim, com um tom leve, sugerindo
que sorria, convidou os visitantes a entrarem.
A família, preocupada, e sem nada
entender, foi logo entrando e perguntando:
- Que acontece nesta casa, que
ninguém se apavora com a tempestade e com a escuridão? Não vejo vela ou
lampião.
Sr. Clarêncio, dando as boas vindas,
convidou os vizinhos a se acomodarem, explicando:
- Estamos reunidos em família, em
oração. Sempre fazemos isso, assim mantemos o equilíbrio e a razão, e dessa
forma, não tememos as tormentas, nem a escuridão, pois buscamos a Luz Divina
que emana do coração.
- Sente-se aqui conosco, meu irmão!
Clarinha, rapidamente, pega as mãos
das três crianças recém-chegadas, anunciando feliz:
- Venham! Hoje papai vai contar uma
linda história do jovem samaritano, e se vocês ficarem calmas, daqui a pouco,
seus olhos se acostumam com o escuro, e já vão conseguir enxergar bem, como eu
estou vendo agora.
E as crianças, então pouco a pouco,
foram se acalmando, e esperando ansiosas a linda história prometida,
preparando-se para o Culto no Lar.
Após este dia, todos da redondeza
que se aproximavam da casa de Clarêncio, repetiam:
- Naquela casa há Luz!
Quantas famílias temos observado,
vivendo em profunda escuridão, sem diálogo, sem compreensão, sem afeto, sem
atenção, solidão.
“CULTO
NO LAR”
Com
mais ênfase vamos propagar, pois ele é eficaz gerador trazendo luz, equilíbrio
e amor.
Todos
reclamam da violência, drogas, roubos, ódio, matança.
A
solução se acha na família, pois o futuro é a nossa criança.
Não
adianta insistir em segurança, ou construir segura, enorme prisão, se não damos
amor à criança se não impomos limites, disciplina, educação.
“Nem
se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a
todos que estão na casa.”
(Jesus – Mateus 5:15)
AOS
PAIS
O culto no lar é necessidade
imperiosa, pois “o berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da
alma. A casa do homem é a legitima exportadora de caracteres para a vida comum.
Como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe?”
(Néio Lúcio / Luz no Lar)
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