sábado, 13 de abril de 2019

BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS


Cap. V – Bem-aventurados os aflitos.

Temas abordados: Amor / renúncia / orgulho / fé / caridade / compaixão / morte / benevolência /provas de existência de DEUS

 

A DESCOBERTA DE Dr. CORUJÃO


O clima era de festa na Floresta Encantada naquele dia.
 A bicharada aguardava ansiosa a chegada do mais  ilustre habitante da floresta, o Dr. Corujão, o novo médico da Floresta Encantada.
Saíra jovenzinho  ainda para estudar fora, em outras florestas maiores,  com outras inteligentes corujas e agora retornava. Seus pais estavam muito felizes, não viam a hora de reencontrar seu filhote.
Elegante e bem vestido com uma malinha de médico já nas mãos, finalmente chegou o Dr. Corujão. Não parecia o mesmo, tinha um ar distante e muito orgulhoso que nem percebeu a quantidade de bichos que estavam a sua espera.
A bicharada havia feito uma festa surpresa para o Dr.Corujão, que para decepção de todos, não “deu a menor bola”.
Quase não reconheceu nenhum dos bichos, pois só falou praticamente com os seus pais. Disse que estava cansado e queria repousar, quem quisesse falar-lhe  que marcasse hora no seu consultório.
O que Dr. Corujão não sabia é que o seu novo consultório foi feito com a ajuda de todos os bichos que se revezavam  na construção em ajuda a seus pais.
Com o passar dos dias os pais de Dr. Corujão  perceberam que seu filho aprendera bem mais do que medicina, já não era a mesma criatura doce e simples que sonhava em ser “Doutor” para ajudar a todos de quem dele precisasse.
Só atendia com hora marcada e no seu consultório, nunca ia na casa dos bichos por mais que solicitassem, mal examinava os pacientes pois não gostava de tocar em animal doente, não conversava outro assunto além da receita que passava, e acabava por não perceber que muitas vezes os animais estavam muito mais doentes da alma e que precisavam mais que remédios para o corpo.
O tempo passou e Dr. Corujão resolvera casar-se, queria formar uma família,  ter seus filhotes. Além do mais, simpatizava muito com Rosalva,  uma jovem corujinha que lhe auxiliava no consultório.
Casaram-se sem muita festa  ou muitos convidados, pois Dr. Corujão não gostava de “se misturar” com todos os bichos.
Logo tiveram o primeiro filhote, uma pequena corujinha que ganhou o nome de Rosinha, pois representava mesmo uma rosa que nascia no jardim do coração do Dr. Corujão.
Dr. Corujão ganhara nova vida, já não era o mesmo bicho sisudo e sem graça. Começava a ter mais alegria de viver, curtia mais os passeios, as festas e as comemorações da floresta, pois sempre tinha a companhia de Rosinha  ao seu
          lado; eram inseparáveis.
Que grande amor unia Dr. Corujão a sua filhinha!
Rosinha crescia feliz fazendo a cada dia novas descobertas ao lado de seu pai:
-    “Pai, quem criou as estrelas que iluminam nossa noite escura”?
-          “Paizinho, quem criou nossas penas que nos aquecem durante a noite”?
-          “Quem criou as árvores onde fazemos nossos ninhos, papai”?
         -     “Paizinho, quem criou a alegria que a gente sente dentro do coração quando encontramos alguém que gostamos”?
Enchia o pai de interrogações. Dr. Corujão ao mesmo tempo que se admirava da esperteza de sua Rosinha, ficava sem jeito pois não sabia responder a todas aquelas perguntas que acabavam  lhe deixando cheio de questionamentos.
O certo é que Rosinha encantava a todos não só com sua inteligência, mas principalmente com a sua meiguice e simplicidade. O pai, Dr. Corujão, a cada dia amava mais aquele  filhote que encantava e alegrava a sua vida. Através de Rosinha começava a pensar mais sobre a vida e sobre Deus.
 Um dia Rosinha acordou indisposta, não tinha vontade de fazer nada, nem passear com o  pai, seu programa predileto. Sentia seu corpinho cansado e dolorido.
 Dr. Corujão, examinou-a sem encontrar qualquer razão.
Os dias se passavam e Rosinha piorava, estava fraquinha e magra. Não mais se alimentava e só dormia. A única hora que ainda sorria era quando seu pai chegava, seus olhos brilhavam feito estrelas na noite.
Dr. Corujão  definhava junto com a filha, não tinha ânimo para nada, a não ser para estudar tentando descobrir que doença tinha sua doce Rosinha. Não podia admitir como ele sendo médico curando tantos animais , não conseguia curar sua própria filha.

Naquele dia Rosinha piorara, não mais acordava, não tinha mais força nem para abrir os olhos. Dr. Corujão não sabia mais o que fazer.
 Como sofria o pobre Corujão!
Então recorreu a algo que nunca havia feito antes: resolveu orar a Deus. Com os olhos cheios de lágrimas pediu por sua filha.
Enganara-se, achava que tinha todo o poder do mundo só porque era médico, mas percebia agora que existia “algo” que dirigia o seu caminho. Adormeceu chorando e orando.
Sonhou que um espírito  aparecia e  lhe convidava para conhecer o mundo espiritual, ele aceitava e viajavam por  muitas cidades, e numa delas paravam para visitar um amigo que Dr. Corujão reconhecia como sendo seu avô que já havia desencarnado:
-          Vovô, o que está fazendo aqui ? Pergunta assustado Dr. Corujão.
-    Filho, eu vivo aqui. Aqui trabalho, estudo, ajudo os animais na Terra e me preparo para voltar como fez Rosinha. Respondeu o Vovô.
-          Rosinha, minha filha? Ela já morou aqui? Perguntou surpreso Dr. Corujão.
-   Sim, foi aqui que ela se preparou para o que iria passar. Escolheu voltar ao seu lado pelo grande amor que tem por você. Queria fazê-lo despertar para as coisas de Deus, transformando-o num  animal bondoso e caridoso com os bichos da Floresta Encantada. Exclamou Vovô.
-           Como assim? Perguntou Dr. Corujão.
-    Meu filho, na vida passamos por dores e dificuldades, não por castigo de DEUS mas para que aprendamos, para que não caiamos nos mesmos erros e soframos novamente, e assim,  possamos distinguir o caminho  do bem e do mal.
Rosinha viu que você precisava descobrir Deus de alguma forma, mesmo que fosse sofrendo uma grande perda...
Explicava carinhosamente o Vovô.
-          Agora entendo Vovô e prometo que vou tentar mudar...Exclamou Dr. Corujão.
Naquele momento, Dr. Corujão acorda assustado com Rosalva chamando:
-          Depressa Corujão, venha cá, é Rosinha, nossa filhinha....
Dr. Corujão voou rápido e para sua surpresa encontrou Rosinha sentada na cama de olhinhos abertos abraçada com sua mãe, sentia-se melhor. 
Dr. Corujão entendeu naquele momento a infinita bondade de Deus, agradeceu pela chance que lhe foi dada  e assumiu um compromisso com ele mesmo.
Não se sabe bem o que foi, mas o certo é que à partir daquele dia Dr. Corujão se transformara.
Onde houvesse dor ou sofrimento, ali se encontrava Dr. Corujão. Não media esforços para ajudar, a qualquer um, a qualquer hora do dia ou da noite. Ele sempre estava a disposição para curar a todos, das dores do corpo e da alma. Acabou até recebendo o apelido carinhoso de “Conselheiro da Bicharada”, pois justiça, amor e compaixão  era o que não faltava ao DR. CORUJÃO.



 

   
   


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