Cap. V – Bem-aventurados os
aflitos.
Temas abordados:
Amor / renúncia / orgulho / fé / caridade / compaixão / morte / benevolência
/provas de existência de DEUS
A
DESCOBERTA DE Dr. CORUJÃO
O clima era de festa na Floresta Encantada
naquele dia.
A
bicharada aguardava ansiosa a chegada do mais
ilustre habitante da floresta, o Dr. Corujão, o novo médico da Floresta
Encantada.
Saíra jovenzinho ainda para estudar fora, em outras florestas
maiores, com outras inteligentes corujas
e agora retornava. Seus pais estavam muito felizes, não viam a hora de
reencontrar seu filhote.
Elegante e bem vestido com uma malinha de
médico já nas mãos, finalmente chegou o Dr. Corujão. Não parecia o mesmo, tinha
um ar distante e muito orgulhoso que nem percebeu a quantidade de bichos que
estavam a sua espera.
A bicharada havia feito uma festa surpresa
para o Dr.Corujão, que para decepção de todos, não “deu a menor bola”.
Quase não reconheceu nenhum dos bichos,
pois só falou praticamente com os seus pais. Disse que estava cansado e queria
repousar, quem quisesse falar-lhe que
marcasse hora no seu consultório.
O que Dr. Corujão não sabia é que o seu
novo consultório foi feito com a ajuda de todos os bichos que se revezavam na construção em ajuda a seus pais.
Com o passar dos dias os pais de Dr.
Corujão perceberam que seu filho
aprendera bem mais do que medicina, já não era a mesma criatura doce e simples
que sonhava em ser “Doutor” para ajudar a todos de quem dele precisasse.
Só atendia com hora marcada e no seu
consultório, nunca ia na casa dos bichos por mais que solicitassem, mal
examinava os pacientes pois não gostava de tocar em animal doente, não
conversava outro assunto além da receita que passava, e acabava por não
perceber que muitas vezes os animais estavam muito mais doentes da alma e que
precisavam mais que remédios para o corpo.
O tempo passou e Dr. Corujão resolvera
casar-se, queria formar uma família, ter
seus filhotes. Além do mais, simpatizava muito com Rosalva, uma jovem corujinha que lhe auxiliava no consultório.
Casaram-se sem muita festa ou muitos convidados, pois Dr. Corujão não
gostava de “se misturar” com todos os bichos.
Logo tiveram o primeiro filhote, uma
pequena corujinha que ganhou o nome de Rosinha, pois representava mesmo uma
rosa que nascia no jardim do coração do Dr. Corujão.
Dr. Corujão ganhara nova vida, já não era o
mesmo bicho sisudo e sem graça. Começava a ter mais alegria de viver, curtia
mais os passeios, as festas e as comemorações da floresta, pois sempre tinha a
companhia de Rosinha ao seu
lado; eram inseparáveis.
Que grande amor unia Dr. Corujão a sua
filhinha!
Rosinha crescia feliz fazendo a cada dia
novas descobertas ao lado de seu pai:
-
“Pai, quem criou as estrelas que iluminam nossa noite escura”?
-
“Paizinho, quem
criou nossas penas que nos aquecem durante a noite”?
-
“Quem criou
as árvores onde fazemos nossos ninhos, papai”?
- “Paizinho, quem criou a alegria que a
gente sente dentro do coração quando encontramos alguém que gostamos”?
Enchia o pai de interrogações. Dr. Corujão
ao mesmo tempo que se admirava da esperteza de sua Rosinha, ficava sem jeito
pois não sabia responder a todas aquelas perguntas que acabavam lhe deixando cheio de questionamentos.
O certo é que Rosinha encantava a todos não
só com sua inteligência, mas principalmente com a sua meiguice e simplicidade.
O pai, Dr. Corujão, a cada dia amava mais aquele filhote que encantava e alegrava a sua vida.
Através de Rosinha começava a pensar mais sobre a vida e sobre Deus.
Um
dia Rosinha acordou indisposta, não tinha vontade de fazer nada, nem passear
com o pai, seu programa predileto.
Sentia seu corpinho cansado e dolorido.
Dr.
Corujão, examinou-a sem encontrar qualquer razão.
Os dias se passavam e Rosinha piorava,
estava fraquinha e magra. Não mais se alimentava e só dormia. A única hora que
ainda sorria era quando seu pai chegava, seus olhos brilhavam feito estrelas na
noite.
Dr. Corujão
definhava junto com a filha, não tinha ânimo para nada, a não ser para
estudar tentando descobrir que doença tinha sua doce Rosinha. Não podia admitir
como ele sendo médico curando tantos animais , não conseguia curar sua própria
filha.
Naquele dia Rosinha piorara, não mais
acordava, não tinha mais força nem para abrir os olhos. Dr. Corujão não sabia mais
o que fazer.
Como
sofria o pobre Corujão!
Então recorreu a algo que nunca havia feito
antes: resolveu orar a Deus. Com os olhos cheios de lágrimas pediu por sua
filha.
Enganara-se, achava que tinha todo o poder
do mundo só porque era médico, mas percebia agora que existia “algo” que
dirigia o seu caminho. Adormeceu chorando e orando.
Sonhou que um espírito aparecia e
lhe convidava para conhecer o mundo espiritual, ele aceitava e viajavam
por muitas cidades, e numa delas paravam
para visitar um amigo que Dr. Corujão reconhecia como sendo seu avô que já
havia desencarnado:
-
Vovô, o que
está fazendo aqui ? Pergunta assustado Dr. Corujão.
-
Filho, eu vivo aqui. Aqui trabalho, estudo, ajudo os animais na Terra e
me preparo para voltar como fez Rosinha. Respondeu o Vovô.
-
Rosinha,
minha filha? Ela já morou aqui? Perguntou surpreso Dr. Corujão.
-
Sim, foi aqui que ela se preparou para o que iria passar. Escolheu
voltar ao seu lado pelo grande amor que tem por você. Queria fazê-lo despertar
para as coisas de Deus, transformando-o num
animal bondoso e caridoso com os bichos da Floresta Encantada. Exclamou
Vovô.
-
Como assim? Perguntou Dr. Corujão.
-
Meu filho, na vida passamos por dores e dificuldades, não por castigo de
DEUS mas para que aprendamos, para que não caiamos nos mesmos erros e soframos
novamente, e assim, possamos distinguir
o caminho do bem e do mal.
Rosinha viu que você precisava descobrir
Deus de alguma forma, mesmo que fosse sofrendo uma grande perda...
Explicava carinhosamente o Vovô.
-
Agora entendo
Vovô e prometo que vou tentar mudar...Exclamou Dr. Corujão.
Naquele momento, Dr. Corujão acorda
assustado com Rosalva chamando:
-
Depressa
Corujão, venha cá, é Rosinha, nossa filhinha....
Dr. Corujão voou rápido e para sua surpresa
encontrou Rosinha sentada na cama de olhinhos abertos abraçada com sua mãe,
sentia-se melhor.
Dr. Corujão entendeu naquele momento a
infinita bondade de Deus, agradeceu pela chance que lhe foi dada e assumiu um compromisso com ele mesmo.
Não se sabe bem o que foi, mas o certo é
que à partir daquele dia Dr. Corujão se transformara.
Onde houvesse dor ou sofrimento, ali se
encontrava Dr. Corujão. Não media esforços para ajudar, a qualquer um, a
qualquer hora do dia ou da noite. Ele sempre estava a disposição para curar a
todos, das dores do corpo e da alma. Acabou até recebendo o apelido carinhoso
de “Conselheiro da Bicharada”, pois justiça, amor e compaixão era o que não faltava ao DR. CORUJÃO.
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