sábado, 7 de novembro de 2009

"AS CRIANÇAS NÃO PARAM". O QUE FAZER?

Lúcia Moysés
Trabalhando com grupos formados por evangelizadores que atuam em turmas que vão do jardim à juventude, deparamo-nos com problemáticas as mais variadas. As mais freqüentes são: como lidar com a indisciplina? Como despertar interesse? Como adequar o conteúdo? Como fazer o planejamento?
Sempre o “como?" Em outras palavras: sempre a busca por um método, um modo de fazer.
Sabemos que o Movimento Espírita conta, sobretudo, com pessoas de boa vontade entre os que resolvem se dedicar à Evangelização Infanto-juvenil. Apenas mais recentemente é que se está conseguindo a adesão de colaboradores com formação pedagógica, assim mesmo, nos grandes centros urbanos. O leigo imagina que quem tem formação dispõe de uma lista de “como fazer”. Na realidade, mais do que isso, o que ele deve dispor é de uma base teórica segura que lhe garanta entender os processos de ensino-aprendizagem e estabelecer, para cada situação, ele próprio, o a forma correta de enfrentá-la.
Podemos dizer que, via de regra, as inquietações que temos visto poderiam encontrar respostas no conhecimento de alguns temas básicos da Psicologia. Desenvolvimento infantil, processo de ensino-aprendizagem, crise da adolescência, auto-estima estariam entre os principais deles.
A esse respeito vivenciamos algumas situações bem típicas.
Uma delas ocorreu quando, em um desses encontros, uma jovem que trabalhava com uma turma de crianças de 3 a 5 anos relatou-nos que, antes de serem encaminhadas às salas, todos os participantes da evangelização ouviam a leitura de uma página. Cerca de 80 crianças e pré-adolescentes. E o que mais a preocupava era o fato de haver, nessa hora, total falta de concentração das crianças. Ao contrário, mostravam-se irrequietas, implicando umas com as outras.
Quando pensamos que muito de nós, adultos, não consegue acompanhar mentalmente tais leituras, ficamos imaginando o que estaria se passando na cabecinha e – por que não dizer? – nos corações daquelas crianças. Com todo o respeito de que são merecedores, tais evangelizadores talvez não soubessem que a maioria das mensagens espíritas exige do leitor ou do ouvinte um nível de abstração impossível de ser encontrado entre crianças abaixo de 11/12 anos. E mesmo nas mais velhas, não é qualquer texto que consegue ser entendido em sua totalidade. Ou seja: o problema não estava nas crianças e sim no procedimento utilizado. A propósito, vale dizer que, após análise e fundamentação teórica da questão, recomendamos que a leitura de páginas fosse substituída pelo canto de músicas espíritas infantis.
A nosso ver, essa seria uma forma de prender a atenção de todos, principalmente das crianças menores, ao mesmo tempo em que ajuda a elevar as vibrações do ambiente.
Conhecemos inúmeras Casas Espíritas onde essa é a prática adotada para iniciar a jornada da evangelização. A música espírita, seguida de uma breve prece, harmoniza, acalma e prepara os evangelizandos para a as atividades que se seguirão.
Se você tem dúvida se o seu evangelizando já tem capacidade de abstrair o pensamento, experimente perguntar para ele qual o sentido do ditado “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Se ele responder que é perseverança, então ele já atingiu o raciocínio abstrato. Se não, é ainda preciso esperar um pouco mais.

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